Pesquisar este blog

sexta-feira, 16 de maio de 2014

CHINA ARTE BRASIL

Estando em São Paulo, nunca deixo de ver uma exposição de artes. Na última vez, fui a mais de uma. Na Oca, no Parque do Ibirapuera, está em cartaz até domingo, dia 18/05/2014, a mostra China Arte Brasil, que traz para o Brasil obras dos principais artistas plásticos dos últimos trinta anos da China. A mostra tem entrada paga. Fui em uma ensolarada manhã de sábado. Tinha pouca gente. A mostra ocupa três pisos, com pinturas, fotografias, instalações, esculturas, vídeo-performances e projeções. O interessante é que as obras dialogam com qualquer obra feita em outras partes do mundo na mesma época, mas traz um ingrediente próprio que foi a abertura do regime chinês para o capital, o que aconteceu de forma gradual a partir dos anos oitenta. Um dos mais conhecidos artistas chineses contemporâneos, Ai Wei Wei, está presente com uma interessante instalação no segundo piso, com mais de quarenta bicicletas formando uma espécie de tóten. Uma parte da mostra é dedicada aos belos tapetes tecidos por hábeis artesãos, verdadeiros artistas do artesanato. Ao lado dos tapetes, releituras de artistas plásticos que lembram estas peças decorativas. O que mais gostei foi uma instalação no piso inferior, que me lembrou os famosos Guerreiros de Xian. Uma crítica do autor à abertura chinesa ao capitalismo, sem esquecer a tradição. Gostei de gastar uma hora vendo estas obras contemporâneas chinesas.

artes plásticas.

EU VOU TIRAR VOCÊ DESTE LUGAR - AS CANÇÕES DE ODAIR JOSÉ

Depois que completei 50 anos, fiquei mais solto. Algumas coisas que guardava comigo, pude revelar, sem medo de patrulhas que eram comuns quando estava na adolescência ou na faculdade. Uma delas é que sempre fui fã de Odair José. Ouvia rádio AM e sabia alguns dos seus sucessos de cor, mas nunca comprei discos dele. Quando li que um musical com as canções de Odair José estava sendo em montado em Brasília, fiquei curioso e ansioso para ver esta montagem. Este espetáculo, enfim, estreou no Teatro I do CCBB de Brasília no último dia 08 de maio, quando eu estava em viagem de trabalho fora do país. Assim que vi no Facebook, no perfil do Sérgio Maggio, que assina o roteiro e a direção, que o musical entrara em cartaz, corri para o computador para comprar o ingresso. Estava em Timor Leste, do outro lado do mundo. Só tinha um dia possível para eu conferir o musical: quinta-feira, dia 15 de maio, pois eu tinha outra viagem, desta feita de férias, a partir de 16 e maio. Consegui ingresso para o dia que queria. Fui com minha amiga Diana. O teatro recebeu um ótimo público, mas não ficou completamente lotado. Com dez minutos de atraso, as cortinas se abriram. Antes um anúncio informou que não se tratava de um musical sobre a vida de Odair José, anúncio que se repetiu após os aplausos finais, mas sim inspirado em suas canções. Todo o elenco e a banda, formada por quatro músicos, participam da primeira cena, cantando Vida que Não Para. Maria Alcina, cantora que fez enorme sucesso nos anos setenta no Brasil, é a atriz convidada do musical Eu Vou Tirar Você Deste Lugar - As Canções de Odair José. São quase duas horas de espetáculo, sem intervalo. Sérgio Maggio volta a habitar seus personagens em torno de um bordel/cabaré, como fez em sua peça anterior. Mas agora, a leveza dá o tom do espetáculo, diferente da anterior, onde os dramas pessoais de quatro prostitutas eram o mote da peça. Eu Vou Tirar Você Deste Lugar, uma história sem data precisa, mas com forte pegada de anos setenta, se passa em São Paulo. Um jovem estudante de direito quer seguir a carreira de cantor, mas seu pai o quer formado como advogado. Conflitos de geração separam os dois. Enquanto o jovem Matias (Luiz Felipe Ferreira) tenta se estabelecer como cantor, o pai, vivido por Jones de Abreu, vai atrás de Madame China (Maria Alcina), uma antiga prostituta que herdou as joias de uma cortesã famosa na noite paulistana no início do Século XX. Madame China está voltando aos negócios, tendo sua empregada como a grande atração do seu novo bordel. A empregada, personagem e público das músicas de Odair José, é interpretada magistralmente por Gabriela Correa. Outro destaque no musical é o ator Rodrigo Mármore, que conquista o público com sua performance para Jimmy, que beira a caricatura, mas excelente de qualquer forma, principal amigo de Matias. Claro que o vocal poderoso e grave de Maria Alcina chama a atenção e se destaca em relação aos demais do elenco, principalmente quando ela canta com outra pessoa em cena. E ela se mostra livre e solta, com ótimas tiradas gestuais ao longo do espetáculo. Alguns atores tem pouco alcance da voz, mas com um providencial coro, as músicas são bem executadas. O que prejudicou um pouco, pelo menos na noite de quinta-feira, foi o volume dos instrumentos musicais. Ele estava mais alto do que o dos microfones das vozes dos cantores, o que dificultou, algumas vezes, a entender o que eles cantavam. Quanto ao roteiro, é primoroso. Maggio consegue enlaçar os sucessos de Odair José de uma forma tão natural com a trama, que fica parecendo que aquelas canções foram feitas desde sempre para as cenas que se passam em frente aos nossos olhos. Duas dezenas das músicas de Odair José pontuam o musical. Eu só não conhecia uma delas, o que mostra que realmente eu sou um fã e que elas tocaram muito nas rádios quando lançadas. Dá até vontade de cantar junto com os atores, mas me contive, para não atrapalhar quem estava perto de mim, pois não tenho nenhuma aptidão para ser cantor. Canções como Essa Noite Você Vai Ter Que Ser Minha, Cadê Você, Foi Tudo Culpa do Amor, Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, Uma Lágrima, entre outras, fazem parte do espetáculo e foram responsáveis por colocar vários sorrisos nos rostos de quem teve a oportunidade de estar no teatro naquela noite. O musical acaba de forma alegre, para cima, com uma interessante mescla das canções A Noite Mais Linda do Mundo e Pare de Tomar A Pílula. Parabéns ao elenco e a Sérgio Maggio por nos presentear com ótimo musical, que mostra ao público que a música popular é sempre sucesso, atingindo um número enorme de pessoas. Vale a pena assistir. Para quem quiser ver, o musical fica em cartaz até o dia 01º de junho de 2014.

artes cênicas
musical

ELIS, A MUSICAL

Continuando o final de semana musical em São Paulo, foi a vez de conferir aquele que ficou em cartaz no Rio de Janeiro com enorme sucessos de público e crítica. Na capital paulista, o espetáculo está no Teatro Alfa. Comprei ingresso para a sessão de 17 horas de domingo, Páscoa. São três horas de duração, com um providencial intervalo de quinze minutos no meio. Teatro bem cheio para conferir a história de Elis Regina, a famosa cantora brasileira, de voz potente, riso largo e personalidade forte, morta precocemente aos 32 anos. No musical, várias personalidades do mundo do entretenimento aparecem, pois fazem parte da história da gaúcha que mudou-se para o Rio de Janeiro para conquistar o Brasil. Assim, vemos Jair Rodrigues, Carlos Imperial, Ronaldo Bôscoli, César Camargo Mariano, Miéle, Lennie Dale, Henfil, Ney Matogrosso, Tom Jobim, entre outros, durante o musical. O elenco é muito bom. Laila Garin é Elis Regina. Assim que começou o musical, notei que ela estava com dificuldades de alcançar algumas notas musicais, mas com garra estava levando, e muito bem, a sua performance. Mas ao finalizar Arrastão, era visível que ela não conseguiria chegar ao fim. As cortinas se fecharam e foi anunciado que por problemas com Garin, ela seria substituída por Lílian Menezes. Meia hora após a interrupção, o espetáculo voltou do ponto em que parou, mas Menezes mostrou que era uma substituta à altura de Garin. Mesmo fria em relação aos demais do elenco, ela entrou bem, como se estivesse em cena desde o primeiro segundo. O duo que ela faz logo de cara com o ator que interpreta Jair Rodrigues é sensacional, o que ajudou a conquistar o público. Quem escreve a história é Nelson Motta, que conviveu com a cantora, e Patrícia Andrade, cabendo a Dennis Carvalho a direção do espetáculo. Texto bem escrito, performances notáveis, coreografia que dialoga com as canções, músicas inesquecíveis. Assim é o musical. E ainda conta com a presença de atores conhecidos do grande público. Caso de Tuca Andrada e Cláudio Lins. Algumas interpretações arrancam lágrimas do público, como a tocante cena em que Menezes/Elis canta para Henfil, em um bar, a canção que seria um enorme sucesso no Brasil, O Bêbado e A Equilibrista. Foi uma reconciliação de Elis com o cartunista, além de ser uma ode à liberdade de expressão que não existia no nosso país naquela época. A carga emotiva é tão impactante que é impossível não chorar na cena. Outra maravilha de interpretação acontece já no final do espetáculo, com uma iluminação idêntica a do último show de Elis, que tive a oportunidade de ver no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, quando ela interpreta Aos Nossos Filhos. O musical começa e termina com Fascinação. Impossível não ficar fascinado com este espetáculo. Calorosos aplausos para todo o elenco ao final, com uma iluminada Lílian Menezes sendo reverenciada pelo público. Um musical necessário!

DAVID BOWIE

Quando a exposição sobre David Bowie entrou em cartaz, em janeiro, no Museu da Imagem e do Som - MIS em São Paulo, tentei ir algumas vezes, mas sem sucesso. Uma hora estava acompanhado de pessoas que não apreciam o trabalho do cantor/ator, enquanto outra não tive tempo suficiente para me dedicar à exposição, e em outra, fiquei desanimado com a fila de espera. Pois bem, na Sexta-Feira da Paixão, três dias antes da exposição chegar ao final, levantei cedo, tomei o café da manhã, aprontei, e peguei um táxi em direção ao MIS, com a decisão de esperar o tempo que fosse preciso para ver a mostra. O museu abria as portas às 10 horas. Cheguei por volta de 11:30 horas. A fila era enorme. Uma placa alertava que o tempo médio de espera para entrar era de duas horas. O tempo estava lindo, com um sol quente esquentando as nossas cabeças. Apesar da espera, a conversa com as pessoas que estavam na fila ajudou a passar o tempo. Era interessante ver o público com camisas, tatuagens e adereços que lembravam ou homenageavam este camaleão do mundo pop. Lembro-me que comecei a gostar de Bowie ao ver o filme Christiane F. Há uma cena no filme de um show dele em Berlim. Ali tive vontade de conhecer suas músicas. Depois, apreciei também suas performances como ator, como no ótimo filme Fome de Viver. Voltando à fila, um fato curioso que presenciei foi o diálogo entre um jovem casal. Ela, ao chegar e ver o tamanho da fila, virou para o marido dizendo que deveriam voltar em casa e pegar o Pedro. Fiquei a pensar quem seria o tal Pedro. Uns quarenta minutos depois, o casal retorna com o tal Pedro, um garoto com um ou dois anos de idade. Usaram o filho pequeno, que deveria saber tudo sobre David Bowie, para não enfrentar fila, entrando direito, como preferencial. No mínimo, um desrespeito para com aqueles que estavam na fila. Outros casais chegaram até com bebê de colo. Casos como estes demonstram que a sociedade brasileira ainda tem muito o que evoluir. Com duas horas exatas de fila, cheguei na bilheteria, comprei meu ingresso por R$ 20,00, guardei minha mochila na chapelaria e fui ver a exposição. Qual não foi minha surpresa ao ver que uma nova fila me aguardava na escada de acesso ao segundo piso, onde começava o circuito da mostra. Esta fila, em relação à primeira, foi muito rápida. Esperei mais vinte minutos para poder pegar o fone de ouvido, essencial para percorrer todos os espaços expositivos. Com o aparelho devidamente sintonizado, ao aproximar de determinado objeto, cartaz ou vídeo, uma música de Bowie, que tinha relação com que eu estava vendo, começava a tocar. A mostra segue, em ordem cronológica, a vida do astro. Começa com o primeiro sucesso, Space Oddity, passa por vários outros sucessos musicais, além de mostrar figurinos usados em shows e em filmes dos quais teve participação, como o emblemático Furyo, Em Nome da Honra, ou o já citado Fome de Viver, este com a estonteante Catherine Deneuve. Fotos eram permitidas, mas sem o uso de flash. Labirintos conduziam cada visitante aos vários mundos de Bowie. Vídeos mostravam clipes e entrevistas com o cantor ou com alguém falando sobre ele. A cenografia também é digna de destaque, valorizando as peças, especialmente os figurinos de shows, a maioria desenhado por estilistas famosos, como Yohji Yamamoto e Giorgio Armani.Vi tudo com calma, ouvindo as músicas, prestando atenção nos vídeos, lendo todos as informações ao lado de cada objeto. Mesmo com toda a atenção, gastei menos tempo dentro da mostra do que esperando na fila. Mas valeu a pena. Ao final passei na lojinha do museu e comprei o catálogo da exposição. Que venham novas mostras como esta!

RITA LEE MORA AO LADO


Aproveitei reunião de trabalho em São Paulo e estiquei o final de semana prolongado da Semana Santa. E foi uma temporada de descobertas gastronômicas e de experiências musicais bem interessantes. A primeira delas foi com o musical Rita Lee Mora ao Lado, em cartaz no Teatro das Artes, localizado no Shopping Eldorado. Combinei com quatro amigos de Belo Horizonte que também estariam em São Paulo na mesma época para vermos juntos. Comprei o ingresso pelo aplicativo da Ingresso.com que tenho instalado no meu celular. Acho super prático e rápido. Escolhi um local bem centralizado, na fila L, com ótima visão do palco. Embora sempre que posso vou a São Paulo, era a primeira vez que ia ao Shopping Eldorado. Aproveitei para chegar mais cedo e dar uma volta. Era Sexta-Feira da Paixão, feriado, lojas fechadas, mas o movimento no shopping era grande, especialmente no piso onde fica a praça de alimentação, os cinemas e o teatro. Nos corredores do centro de compras, havia uma exposição com ovos de páscoa gigantes pintados por artistas plásticos, no estilo da Cow Parade. Tirei fotos daqueles que mais me chamaram a atenção. Quando fotografava um deles, meus amigos me viram, me chamando. Fomos para a entrada do teatro, onde tiramos várias fotos tendo o cartaz do musical como pano de fundo. Postagens necessárias no Instagram, Snapchat e Facebook. Logo que a porta do teatro se abriu, nos acomodamos para conferir o musical sobre Rita Lee, baseado no livro de Henrique Bartsch. No papel da eterna rainha do rock brasileiro, a atriz Mel Lisboa. Fiquei curioso em saber se ela saberia cantar. O espetáculo começou com apenas dez minutos de atraso. Avisaram que não haveria intervalo, fato raro quando se trata de musicais. A primeira cena mostra Mel/Rita cantando em um palco, como se fosse um show em um teatro. Foram duas músicas, mas o bastante para ver a limitação na voz da atriz. Ressalto que ela é bem afinada, mostrando que fez uma bela preparação, mas sua voz é fraquinha. Meu amigo me lembrou que Rita Lee também não tem grandes alcances vocais. Entra em cena Carol Portes, no papel de Bárbara Farniente, a vizinha de Rita Lee, referência que aparece no título do musical, que nunca encontrou a cantora, mas que viveu uma vida inteira na sombra dela. A história de Rita Lee vai sendo contada por Bárbara, desde a infância/adolescência, passando pelo primeiro contato com a música, seguindo por todos os grupos dos quais a cantora foi integrante, até chegar ao sucesso alcançado por ela, já em dupla com seu eterno companheiro Roberto de Carvalho, vivido por Rafael Maia. Em pouco mais de duas horas e meia, vemos vários fatos conhecidos, como o sucesso com Os Mutantes, a participação nos grandes festivais da música, ao lado daqueles que seriam grandes nomes da música brasileira, como Gilberto Gil e Caetano Veloso. Algumas cenas são muito engraçadas, muito em decorrência da performance dos atores. César Figueiredo está ótimo como Ronnie Von, nos idos em que ele era o príncipe da música brasileira. Débora Reis é a própria encarnação de Hebe Camargo. Fábio Ventura solta o vozeirão para dar vida a Tim Maia. Nellson Oliveira faz de forma perfeita João Gilberto, com todas as suas chatices. O melhor, no entanto, é Fabiano Augusto, que dá um show interpretando Ney Matogrosso, o grande responsável por aproximar Rita Lee de Roberto de Carvalho, fato que fiquei sabendo no musical. As caracterizações de Caetano Veloso (Antônio Vanfill), Gal Costa (Yael Pecarovich) e Elis Regina (Flávia Strongolli) são muito caricatas, o que não apreciei. As canções apresentadas ao longo do musical são eternos sucessos de Rita Lee, o que foi ótimo para recordar fases de minha vida. Mel Lisboa cresce muito na medida em que a peça evolui. Sua fraca voz é compensada pela ótima performance de atriz. Além disto, os diretores Débora Dubois e Márcio Macena conseguiram amenizar o pouco alcance da voz da atriz, colocando um poderoso acompanhamento vocal na maioria das canções. Destaco ainda a ótima Nanni Souza, que interpreta Diva Farniente, mãe de Bárbara, e eterna apaixonada pelo pai de Rita Lee. O musical é leve, com muitas cenas que arrancam boas risadas da plateia, mas há também momentos de emoção, como a cena em que Rita Lee fica arrasada com a notícia da morte de vários entes próximos. Os nomes destas pessoas são falados, pontuando a cena, o que potencializa mais a carga emotiva no palco. Ao final, aplaudidíssimos, os atores/cantores colocam o público para dançar cantando Saúde. Gostei muito.

terça-feira, 13 de maio de 2014

CONFRARIA VINUS VIVUS - 86ª REUNIÃO

Em 28 de abril de 2014, a Confraria Vinus Vivus se reuniu pela 86ª vez para mais uma degustação na casa da confrade Vera. Desta feita, Leo Soares e Bruno estiveram ausentes, sendo substituídos por Marcus e Liz. Vejam os vinhos da noite.

Vinho 1 – Sequana

 Safra: 2008.
Álcool: 14,6%.
Casta: 100% pinoit noir.
Produtor: Sundawg Ridge Vineyard.
Região: Green Valley of Russian River Valley, Estados Unidos.
Cor: rubi, com toques de evolução na unha.
Aromas: groselha, pimenta do reino, ervas secas, defumado, evoluindo para avelã.
Boca: boa acidez, álcool no ponto, sensação de doçura na língua.
Estágio: 11 meses em barricas de carvalho.
Importador: Decanter.
Valor: R$ 370,00.

Vinho 2 – Domaine Serene Evenstad Reserve


Safra: 2008.
Álcool: 14,1%.
Casta: 100% pinot noir.
Produtor: Domaine Serene.
Região: Willamette Valley, Oregon, Estados Unidos.
Cor: rubi, sem apresentar evolução.
Aromas: terroso, cogumelo, toranja.
Boca: acidez alta, picante na ponta da língua, vegetal, deixa um amargor na boca.
Estágio: 14 meses em barricas de carvalho.
Importador: World Wine.
Valor: R$ 428,00.
Observação: foi o preferido da noite por Liz e Marquinho.

Vinho 3 – Paul Hobbs


Safra: 2005.
Álcool: 14,9%.
Casta: 100% cabernet sauvignon.
Produtor: Paul Hobbs.
Região: Napa Valley, Estados Unidos.
Cor: negra.
Aromas: couro, ervas, banana passa, cassis.
Boca: acidez alta, picante na ponta da língua, redondo, balsâmico, chocolate amargo.
Estágio: 20 meses, sendo 69% em barricas novas e 31% em barricas usadas.
Importador: Mistral.
Valor: R$ 428,00.
Observação: Foi o campeão da noite, sendo o preferido por Leo Ladeira, Marcus, Vera, Fernanda, Cláudia, Keller, Abílio, e Jarbas.

Vinho 4 – Etude


Safra: 2009.
Álcool: 14,8%.
Casta: 100% cabernet sauvignon.
Produtor: Etude Wines.
Região: Napa Valley, Estados Unidos.
Cor: negra.
Aromas: estábulo, fumo de rolo, vegetal.
Boca: tânico, doce, presunto.
Estágio: 18 meses em barricas de carvalho.
Importador
Valor: R$ 548,00.




Após a degustação, foi servido o jantar que foi harmonizado com o vinho Renaissance, safra 1983, 13,5% de álcool, 100% cabernet sauvignon, produzido por Renaissance Vienyard na região de Sierra Foothills, Oregon, Estados Unidos.









vinho
gastronomia

segunda-feira, 12 de maio de 2014

LAMPIÃO E LANCELOTE

Domingo, 16 de março de 2014. Eu estava passando o final de semana na casa de meus pais em Belo Horizonte e postei uma foto no Facebook. Logo meus amigos mineiros me enviaram mensagens perguntando porque eu não tinha avisado que estava na cidade. Emi protestou muito pelo fato de eu ficar recluso na casa de meus pais e acabou por me chamar para ir ao teatro na noite daquele domingo. Já havia comprado ingresso para ele e Rogério para ver o musical Lampião e Lancelote, que estava em cartaz no moderno Teatro Bradesco, localizado na sede I do tradicional Minas Tênis Clube. O espetáculo recebeu alguns prêmios, entre eles o Prêmio Bibi Ferreira de melhor musical de 2013. Acessei o site, escolhi um lugar perto de onde eles estavam sentados e os encontrei pouco antes do início do espetáculo. O teatro ficou quase lotado para ver a versão para o tablado de um cordel de Fernando Vilela. O texto, adaptação de Bráulio Tavares e dirigido por Débora Dubois, narra o inusitado e improvável encontro entre o cangaceiro Lampião, juntamente com seu bando e sua eterna companheira Maria Bonita, com Lancelote, eterno cavaleiro da Távola Redonda das histórias do Rei Arthur. A história é narrada por um espirituoso Cássio Scapin, que faz uma espécie de bobo da corte. Os atores estão muito bem, especialmente Daniel Infantini, que dá vida a Lampião. As coreografias são sensacionais, das quais destaco a que reproduz a batalha entre o bando de Lampião e o cavaleiro Lancelote com sua espada poderosa. As frases irônicas de Lampião são impagáveis, bem como sua imitação para os gestos elegantes do cavaleiro inglês. Mas o melhor de tudo é a música que embala toda a história. Afinal, é um musical. A trilha sonora foi composta por Zeca Baleiro, que usa e abusa de sua farta criatividade para contar esta história de forma bem humorada. Como a maior parte do enredo se passa no interior do Nordeste, Zeca se utiliza do repente para também concretizar o embate entre os dois cavaleiros. Sensacional.

artes cênicas

CAMÉLIA


Na última vez em que estive no Rio de Janeiro, aproveitei a oportunidade para conferir a peça Camélia, que esteve em cartaz no início do ano em Brasília, mas não consegui ver. Trata-se de um texto vencedor da sexta edição do projeto do CCBB chamado Seleção Brasil em Cena. Este projeto premia textos novos para dramaturgos de Brasília e do Rio de Janeiro, havendo um vencedor para cada cidade. As peças escolhidas ficam em cartaz nos centros culturais que o Banco do Brasil mantém nestas duas cidades. Camélia se baseia em um relato de Freud sobre sua paciente homossexual. A peça narra a história de uma mulher que viveu 100 anos, praticamente o Século XX inteiro, quando viveu a experiência de duas guerras mundiais, era judia, fugiu da perseguição de Hitler, viajou o mundo, chegando até a morar no Brasil. Foi apaixonada por uma mulher casada e viveu intensamente este amor ao longo de sua vida. O texto é de Ronaldo Ventura e a direção de Luana Proença, que optou por utilizar somente atores novatos, gente pouco conhecida no meio teatral brasiliense. A vida da mulher não é contada de forma linear, o que exige do público uma atenção maior, sendo a protagonista a responsável por nos contar sua vida. A maior parte do tempo a atriz que interpreta a mulher centenária fica de costas para o público, trajando um vestido longo, com chapéu e um véu que cobre a parte de trás da cabeça. A roupa e acessórios indicam para nós que, embora de costas, é a frente da mulher que vemos e isto fica evidente com o gestual da atriz, que fica simulando que está fumando um cigarro enquanto narra sua vida. O trabalho de corpo da atriz é muito bom. Figurino, cenário e trilha sonora integram completamente ao enredo. Tais elementos ajudam a manter o clima, principalmente nas passagens de tempo. Ao final, um belo texto, com ótimas interpretações. Vida longa ao projeto que descobre novos talentos.

artes cênicas

domingo, 11 de maio de 2014

NO QUARTO AO LADO - O ESPETÁCULO DO VIBRADOR

Nada como ficar hospedado em um hotel em São Paulo e ter a opção de assistir a uma peça de teatro no próprio hotel. Estava eu no Novotel Jaraguá, sem vontade de sair, depois de um dia de trabalho intenso, mas também não querendo ficar dentro do quarto. Era uma sexta-feira. Fui conferir a programação do Teatro Jaraguá, localizado no hotel, e vi que estava em cartaz a peça No Quarto ao Lado - O Espetáculo do Vibrador. Desci até a bilheteria na esperança de ainda ter ingresso para a sessão daquela noite. Eram 20:30 horas, ou seja, uma hora antes do horário previsto para o espetáculo ter início. Tinha muito ingresso. Comprei minha entrada, escolhendo uma cadeira central, com visão perfeita de todo o palco. Fiz algumas consultas pelo celular e li que a peça era baseada em fatos reais. O nome chama a atenção. O público era pequeno naquela noite. O texto é da americana Sara Ruhl. A versão brasileira é dirigida por Yara de Novaes e conta com sete atores no elenco. A história se passa no Século XIX, quando as mulheres que sofriam de insônia ou tinham uma irritabilidade constante eram diagnosticadas como histéricas. Uma ala mais progressista da medicina procurou a cura através de aparelhos modernos, sendo que um médico acabou por inventar um aparelho que seria o precursor do vibrador. O tratamento com ondas elétricas chamou a atenção de muitas mulheres, que se tornaram pacientes e cobaias deste médico, que tinha o consultório em sua própria residência e não permitia que sua mulher entrasse nele. O médico gostava de separar assuntos de família dos negócios. Claro que a mulher ficou curiosa e acabou por experimentar, com a ajuda da enfermeira e auxiliar do seu marido, o tratamento com as tais ondas elétricas na zona erógena. Esta história contada no tablado não me agradou. A escolha da diretora por extrair dos atores uma interpretação que fica no limiar do histrionismo não me pareceu uma grande solução. Os atores interpretam seus personagens de maneira excessiva, quase um pastiche. Tinha momentos que achava que estava vendo um filme mudo com som. Há cenas que arrancam gargalhadas da plateia, mas o texto não funciona bem como comédia. Não gostei do que vi, ressaltando que o tema é interessante, pois toca na questão do orgasmo feminino e da liberação das mulheres. Na saída, ouvi uma mulher, que também fazia duras críticas à maneira como a história foi contada, dizer que havia um filme sobre o mesmo tema. Procurei no Google. Chama-se Histeria (Hysteria), lançado em 2011. Está na minha lista de futuros filmes a ver. Quem sabe o texto ficou melhor na tela grande! A peça já não está mais em cartaz em São Paulo.

artes cênicas

A VIDA SEXUAL DA MULHER FEIA

Com muitas opções de peças em cartaz em São Paulo, mas com Karina bem triste, resolvi chamá-la para ver uma comédia. Sem maiores detalhes e nem ter lido críticas, escolhemos A Vida Sexual da Mulher Feia por dois motivos. O primeiro era por ser uma adaptação do livro homônimo de Cláudia Tajes, de quem Karina tinha lido um livro e tinha gostado, e o outro por ser estrelado por Otávio Muller, ator com timing de comédia perfeito. Comprei os ingressos poucas horas antes do espetáculo, utilizando o aplicativo do Ingresso, devidamente baixado em meu celular. Precisávamos chegar mais cedo, pois teríamos que trocar os ingressos na bilheteria. Como não estávamos hospedados no mesmo hotel, combinamos de nos encontrar por volta de 20:30 horas no Shopping Pátio Higienópolis, onde está localizado o Teatro Folha. Cheguei primeiro, pegando as nossas entradas na bilheteria. Logo em seguida, Karina apareceu, com uma pequena sacola de compras. Nada como comprar para amenizar as dores da alma! Nossos assentos eram bem localizados e centrais, mas o teatro não é grande, o que favorece a visão do palco de qualquer lugar. O ator já estava em cena, conversando com o público, posando para fotos, mas ainda não era a peça. O povo ia chegando e assustava pensando que tinha perdido alguma coisa, mas logo era tranquilizado pelo próprio ator. Muller é também o diretor do monólogo, texto adaptado por Julia Spadaccini. Colocar um homem para interpretar uma mulher já é sinal de riso garantido, e se este homem é mais cheinho e com muitos pelos, um ursão no linguajar gay, as risadas são mais garantidas ainda. Pelo menos foi o que pensei. Muller interpreta a mesma mulher desde a infância até a fase adulta, com todas as dificuldades de arranjar um namorado e deixar de ser virgem. Há cenas hilárias, mas a peça é excessiva nos esteriótipos, tornando-se chata. Fui deixando de rir na medida em que o tempo passava. Olhava para Karina, que continuava com péssima aparência. Ela chegou a tirar uma pestana. Aproveitando o sucesso de Beijinho no Ombro, de Valesca Popozuda, esta música também se faz presente em uma cena do baile de 15 anos da mulher feia do título. O espetáculo é curto, em torno de uma hora, mas para mim pareceu uma eternidade. A peça cumpriu sua temporada no Teatro Folha, mas parece que foi bem de público, pois continua em cartaz em São Paulo, desta vez no Teatro Gazeta. Dispensável.

artes cênicas

O REI LEÃO

Quando estive em Nova Iorque, em 2010, vi alguns espetáculos na Broadway, entre eles, o musical O Rei Leão. Foi uma noite atípica, pois bem na hora em que as pessoas se dirigiam aos teatros da região, uma bomba foi detectada em um carro estacionado em frente ao local onde estava em cartaz o musical que eu iria ver. As ruas foram evacuadas rapidamente, mas quem estava dentro do teatro teve que ficar, sem saber se haveria ou não o espetáculo. Eu e meus amigos conseguimos entrar no teatro. Houve um atraso de mais de uma hora para começar, o que ocorreu somente com a autorização da autoridade policial responsável por apurar o caso da bomba. O teatro estava muito vazio, mas o musical foi encenado assim mesmo. Pude trocar de assento, ficando em excelente posição, bem central, à frente. Ao final, fiquei impressionado com a plasticidade, o desempenho e a concepção do musical. Eis que O Rei Leão ganhou versão brasileira, em cartaz no Teatro Renault (até recentemente chamado de Teatro Abril), na região central de São Paulo. Para a versão nacional, as músicas de Elton John ganharam a luxuosa leitura de Gilberto Gil. Claro que não poderia perder a oportunidade de conferir esta versão. Fui com Karina e Alberto, onde encontramos mais duas colegas de trabalho, Christiane e Paula, em uma quinta-feira, sessão das 21 horas. O teatro recebeu um bom público, mas não ficou lotado. O musical começou no horário previsto e a entrada triunfal dos animais é muito parecida com a versão que vi em solo americano. Mesmo sabendo tudo, pois além de ainda estar na memória o que conferi em Nova Iorque, também guardo bem o desenho animando da Disney que deu origem ao musical, a versão brasileira conseguiu me emocionar novamente. O elenco está primoroso, o cenário vibrante, conseguindo trazer a África para aquele tablado. As músicas são interpretadas de forma sensacional, valorizando as inspiradas letras de Gil. E como não se emocionar com as aventuras de Simba e Nala, não ficar com ódio de Mufasa, o invejoso tio de Simba, ou não eleger Zazu, o pássaro tutor do leãozinho, como nosso preferido personagem. Ótima a cena do estouro da manada de gnus, responsável pela morte do pai de Simba. São quase três horas de duração, com um providencial intervalo de quinze minutos, que transcorrem sem a gente notar. E a inserção de um pequeno trecho de Beijinho no Ombro, sucesso da funkeira Valesca Popozuda, cantada por Zazu, já vale o ingresso. Valeu a pena ter ido conferir esta ótima versão brasileira para o sucesso da Broadway.

ÜBERDOG - AMAZING HOT DOGS - GASTRONOMIA EM BRASÍLIA (DF)

Não sou fã de comida de rua, destas que vendem em carrinhos, carrocinhas e afins. Por isso, como pouco cachorro quente, pois na maioria das vezes, eles são vendidos nestes lugares. Fiquei feliz quando abriu uma lanchonete perto de minha casa especializada em hot dogs, a Überdog - Amazing Hot Dogs. Já fui lá por duas vezes, a primeira em fevereiro e a segunda no mês de abril. O local é bem pequeno, com poucas mesas no corredor em frente à minúscula loja. O atendimento é mediano, precisando de uma boa melhora, mas as opções do cardápio compensam. Os sanduíches não são exagerados. Na primeira vez, estava com tanta fome que comi dois hot dogs. Além dos ótimos sanduíches, com recheios que homenageiam a culinária de vários países, fiquei surpreso ao ver no cardápio, dentre as opções de bebidas, a presença da soda italiana. Gosto desta bebida doce, com cor forte, algo que me lembra a infância, embora eu não a tenha experimentado quando menino. O sabor laranja azul sempre me chama a atenção e não tive dúvidas em escolher a soda italiana nas duas vezes em que estive no Überdog. Para quem não conhece, a bebida é servida em copo com muito gelo. Na lanchonete, eles trazem o copo, com o xarope ao fundo, acompanhado por uma garrafa de água mineral com gás, no caso, da marca Indaiá, deixando para o cliente colocar a quantidade de água que quiser. Assim, a bebida fica ao gosto de cada um. Para quem quer mais doce, coloca-se menos água. A soda italiana custava, à época, R$ 6,20. Quanto aos sanduíches, foram os seguintes que experimentei:


01) Acapulco - R$ 10,40 - clara alusão à culinária mexicana. Seu recheio, além da salsicha, traz fatias de pimenta jalapeño, guacamole e sour cream. O guacamole não vem em pasta, como estamos acostumados em comer nos restaurantes mexicanos, mas em cubos, quase o abacate in natura. O recheio casou bem com a salsinha e com o pão, digno de destaque. Gostei muito.



02) Liverpool - R$ 10,40 - referência aos Beatles e sua cidade de origem, na Inglaterra, o recheio vem com cebolas caramelizadas, cortadas em tiras finas e pequenas, queijo cheddar cremoso, servido em abundância, e pedaços crocantes de bacon. Achei excessiva a quantidade de cheddar, o que fez sumir o sabor dos demais ingredientes, comprometendo o sabor do sanduíche.




03) Brasileirinho - R$ 10,40 - a clássica versão brasileira para o cachorro quente, com recheio repleto de milho refogado, molho de tomate, e batata palha, acrescentando o toque especial com uma pasta cremosa de alho. Tudo na medida certa, com exceção da batata, que vem em grande quantidade, mas é válido, pois muito se perde, caindo do sanduíche a cada bocada. Sabor excelente.



Überdog - Amazing Hot Dogs
SCLN 307, Bloco B, loja 69, Asa Norte
Fone: +55 61 2194 8236

gastronomia

SE EU FOSSE VOCÊ, O MUSICAL

Demorou, mas um sucesso do cinema brasileiro chegou aos palcos. Os dois filmes Se Eu Fosse Você, ambos dirigidos por Daniel Filho, foram adaptados para o tablado na forma de um musical. Filho supervisionou a adaptação, cuja direção e coreografia coube a Alonso Barros, enquanto a direção musical é de Guto Graça Mello. Esta versão teatral tem como norte o roteiro do segundo filme, mas traz trechos do primeiro também. Nos papeis de Helena e Cláudio, vividos nos cinema por Glória Pires e Tony Ramos, estão os ótimos cantores/atores Cláudia Netto e Nelson Freitas. Para quem não se lembra, a história é uma comédia onde há uma troca de corpos entre o casal, Helena sendo Cláudio e vice-versa. Os produtores foram buscar no repertório de Rita Lee as canções que conduzem a história, em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, desde março. Fui no final de semana de estreia, com casa totalmente cheia. O elenco é bem afinado, tem presença, mesmo os que dão suporte às canções. Há participação especial de Fafy Siqueira, que interpreta a mãe de Helena. Ela é a que menos canta, mesmo porque seu dotes vocais não são lá estas coisas, mas sua presença é iluminada, garantindo bons momentos de risadas à plateia. Por falar em sorrisos, ri muito, talvez até mais do que nos cinemas, quando fui ver os dois filmes. O casal de protagonistas é sensacional e dá um show de interpretação, especialmente quando há a troca de papeis. As coreografias são ponto de destaque, especialmente quando a música Doce Vampiro domina a cena. O repertório de Rita Lee é vasto, com muitas opções para se aproveitar. Os produtores colocaram os maiores sucessos, o que ajudou a provocar na plateia uma sinergia desde o primeiro momento. São mais de trinta canções da eterna roqueira brasileira. Curioso é o fato deste musical estrear em data próxima a outro musical, em cartaz em São Paulo, que também tem as canções de Rita Lee no setlist. A maioria das músicas se encaixa perfeitamente na cena, parecendo que foram pensadas para elas, mas há algumas em que houve uma forçada de barra, embora isto não tenha prejudicado a compreensão da história. Enfim, o musical diverte, e muito.

artes cênicas

12 ANOS DE ESCRAVIDÃO

Fui ver 12 Anos de Escravidão (12 Years A Slave), o ganhador do Oscar 2014 de melhor filme. É uma co-produção entre Estados Unidos e Reino Unido, dirigida por Steve McQueen. Embora com apenas três longas no currículo, Fome (Hunger), Shame e 12 Anos de Escravidão, McQueen já é um dos meus diretores favoritos. Seus filmes sempre tem temática forte, são contundentes e ele faz um belo trabalho de direção de atores. E ainda tem sempre a presença iluminada de Michael Fassbender. A película, como a maioria dos filmes que concorrem ao Oscar, tem duração em torno de 130 minutos, e nos conta a história de Solomon Northup, magistralmente interpretado por Chiwetel Ejiofor, um negro liberto, músico, que vive com sua família no final do Século XIX. Ele aceita um novo trabalho para tocar violino em outra cidade, quando é sequestrado e vendido como escravo para trabalhar nas fazendas do sul dos Estados Unidos, onde a cultura escravagista era ainda forte. Nos doze anos em que esteve escravo, teve dois donos, o segundo vivido por Fassbender. Neste período, ele passa por provações, é humilhado e sofre fisicamente. Como era de se esperar, o filme provoca lágrimas em várias cenas. Um branco, interpretado por Brad Pitt, é uma esperança para seu retorno à liberdade. A história é baseada em fatos reais, o que provoca maior repulsa ao que vemos. Um dos destaques do filme é a performance de Lupita Nyong'o, que lhe garantiu o Oscar de melhor atriz coadjuvante, como a escrava Patsey, uma verdadeira máquina produtiva na colheita do algodão. Gostei muito.

82 UMA COPA | QUINZE HISTÓRIAS

Em tempos de Copa do Mundo, resolvi ler um livro que comprei em 2013, pouco antes do início da Copa das Confederações, chamado 82 Uma Copa | Quinze Histórias. O livro é uma coletânea de contos de escritores baianos ou que adotaram a Bahia como moradia, tendo como organizador Mayrant Gallo. Editado pela Casarão do Verbo, o livro traz a visão de cada um destes escritores sobre a trágica eliminação do Brasil na Copa da Espanha em 1982, no fatídico jogo Brasil X Itália, quando nossa seleção que encantava o mundo perdeu inacreditavelmente por 3 X 2, sendo o atacante Paolo Rossi o autor dos três gols italianos. Tostão, craque da seleção tri-campeão em 1970, escreve a orelha do livro, na qual ele ele é muito feliz ao dizer que "a adoração ao Brasil de 1982, à Holanda de 1974 e à Hungria de 1954, que não foram campeões, contraria o lugar-comum de que a história é sempre contada pelos vencedores". A leitura é deliciosa, mesmo trazendo recordações tristes para quem torcia e acreditava que a seleção comandada por Telê Santana e recheada de craques como Falcão, Éder, Júnior, Cerezzo, Zico, Dirceu, entre outros, ergueria a taça e se sagraria tetra-campeã mundial, fato que só se concretizou 12 anos depois. Como qualquer coletânea, não há uma linearidade de qualidade nos contos, mas a maioria deles é sensacional. Destaco quatro deles: Decameron, de Sidney Rocha; A Culpa Foi Minha, de Rodrigo Melo; a ótima ficção Cartão Vermelho, de Elieser Cesar; e Toda A Arte do Futebol, de Lima Trindade. Leitura rápida e muito boa. Recomendo.

EPICE - GASTRONOMIA EM SÃO PAULO (SP)

Em fevereiro, tive uma semana de trabalho intensa em São Paulo. Na sexta-feira, quando terminadas as tarefas oficiais, eu, Karina e Alberto resolvemos aproveitar a excelente variedade gastronômica da cidade. Escolhemos o Epice, que fica na Rua Haddock Lobo, 1.002, Jardins. Era a segunda vez que eu ia ao restaurante, em ambas as oportunidades na hora do almoço, quando o menu é enxuto e fixo, com a famosa fórmula entrada + prato principal + sobremesa, para o qual cobravam, à época, o valor de R$ 49,00. O restaurante é pequeno, motivo pelo qual fazer reserva é essencial. Como decidimos ir de última hora, rumamos sem reserva, na esperança de encontrar mesa disponível. Para nossa sorte, chegamos antes de 13 horas, horário de maior movimento nos dias de semana. Havia uma única mesa, onde fomos acomodados. Havia duas opções de entrada, duas de prato principal e duas de sobremesa. Enquanto escolhia, pedi uma água com gás. Foi-me servida a água da marca Sempre Pura, daquelas que são levadas à mesa em charmosas jarras de vidro. O atendimento é muito bom, com garçons atenciosos, conhecedores dos pratos oferecidos e prontos para dar os conselhos solicitados pelos frequentadores. O chef Alberto Landgraf é jovem, mas já tem uma legião de fãs na cidade. Seu restaurante figura no 41º posto na lista dos cinquenta melhores restaurantes da América Latina. Ele pratica uma culinária com técnicas modernas, focando na cozinha brasileira. Por isso, utiliza, na maior parte dos pratos, itens bem conhecidos do povo brasileiro. Por utilizar produtos da estação e sempre frescos, haverá constantemente uma novidade no cardápio. No caso do almoço executivo, ele se altera todos os dias. Segui os conselhos do garçom na escolha dos três pratos do menu. Antes dos pratos chegarem à mesa, foi-nos servido um pequeno couvert, consistindo de quatro tipos de pães feitos no próprio restaurante, manteiga, azeite e sal grosso. Aparentemente simples, mas de sabor marcante. Deliciosos os pães. Vamos aos pratos:


Entrada - mandioquinha, creme fraîche e farelo de avelã - mistura de texturas interessante, como a maciez da mandioquinha, servida assada, preservando sua casca, quentinha, que ficou melhor ainda com o creme frio, que derreteu e entranhou na massa amarela deste tubérculo. O toque do farelo garantiu a crocância ao prato. Muito bom.

Prato principal - língua de boi, purê de batata e couve-manteiga - a língua é servida em pequenos pedaços levemente empanados. Novamente a mistura de texturas, com a tenra carne da língua, muito bem temperada, com a farinha utilizada para empaná-la. O purê de batata estava bem suave, quase desmanchando no contato com a língua. A couve, servida em pequenos pedaços rasgados, era frita, muito crocante. Excelente.


Sobremesa - torta de chocolate com sorvete de leite - a massa da torta me fez lembrar um cheesecake. Era levemente amarga, contrastando com o sabor doce do sorvete, que não gostei muito. Preferi comer a torta pura.







Ao final, um belo café espresso, encerrando com chave de ouro nossa semana em São Paulo. A conta, para três pessoas, ficou em R$ 228,58.

Epice
Rua Haddock Lobo, 1.002, Jardins
Fone: +55 11 3062 0866

gastronomia

TODOS OS MUSICAIS DE CHICO BUARQUE EM 90 MINUTOS


Em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, Rio de Janeiro, o musical Todos Os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos. Estava no Rio em final de semana anterior ao Carnaval, quando aproveitei a oportunidade para ir conferir mais um musical da atual profícua safra brasileira. Fui com Karina na sessão de domingo à noite. Teatro completamente lotado, especialmente por um público acima dos 60 anos, ou seja, uma geração que acompanha desde sempre a carreira de Chico Buarque. Não se trata de uma biografia, muito em voga nos palcos brasileiros, mas sim uma compilação das canções que Buarque escreveu para o teatro e para o cinema, devidamente utilizadas para contar a história de uma trupe teatral em viagem pelo interior do país com a montagem da peça A Dama das Camélias. A dupla Charles Moeller e Cláudio Botelho assinam este musical, o que já garante uma certa tranquilidade, pois eles são primorosos no que fazem. Os arranjos e acordes para canções eternas de Chico estão muito bons e o elenco é afinadíssimo. Soraya Ravenle dá um show de interpretação, tanto como atriz, quanto como cantora. Cláudio Botelho também está em cena, como o dono da companhia de teatro, conduzindo o espetáculo como um narrador. É o que menos canta, mas isto não prejudica o restante do grupo. As mulheres tem maior presença em cena, algo normal, em se tratando do cancioneiro de Chico, ainda mais quando se referem às suas músicas feitas para espetáculos teatrais, como O Grande Circo Místico, Roda Viva, Ópera do Malandro, Calabar, Gota D'Água e Os Saltimbancos. Gostei de vários momentos, especialmente das interpretações de Geni e O Zepelim, quando os atores utilizam placas com a letra do refrão grudento, o que deu mais ênfase a ele; e de Mar e Lua, uma ode ao amor de duas lésbicas. O senão ficou por conta de uma mulher da plateia que insistia em cantar todas as músicas junto com os atores/cantores. Ela estava na minha fila e incomodava muito a todos que estavam à sua volta, pois atrapalhava a quem queria prestar atenção no musical. Ela cantava em voz alta, sem dar muita bola para os pedidos de silêncio. Para piorar, cantava no mesmo ritmo das gravações originais, às vezes ficando mais à frente do que acontecia no palco. Totalmente sem noção. Voltando ao musical, gostei muito e recomendo, mesmo para aqueles que não são fãs de Chico Buarque. Fica em cartaz no Rio de Janeiro até junho, estreando em São Paulo no mês de agosto.

artes cênicas