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segunda-feira, 25 de março de 2013

EM NOME DO JOGO

Em 1972, Laurence Olivier e Michael Caine protagonizaram um ótimo filme, Sleuth, que no Brasil recebeu o nome de Jogo Mortal. O mesmo Caine participou de uma refilmagem em 2007, contracenando com Jude Law, mas o primeiro filme é infinitamente superior. Ao ler o Correio Braziliense, vi o anúncio de uma peça chamada Em Nome do Jogo que ficaria em cartaz na Sala Villa-Lobos nos dias 23 e 24 de março. No elenco, Marcos Caruso e Erom Cordeiro. Resolvi comprar ingresso, o que fiz pela internet, pagando R$ 25,00 pela meia entrada, pois utilizei o cupom de desconto do jornal, para a sessão das 20 horas do domingo, 24 de março. Até começar a peça, não fiz nenhuma ligação com o filme de 1972. O teatro recebeu um bom público, mas não lotou, com cadeiras vazias na parte superior. Houve um atraso de apenas cinco minutos para começar. Como há muita gente na cidade que parece fazer questão de chegar atrasado, os primeiros dez minutos de peça conviveram com os retardatários tentando se acomodar em suas cadeiras no escuro, incomodando quem queria prestar atenção no texto que Marcos Caruso falava. Ele interpreta um escritor de livros policiais. Quando Erom Cordeiro entrou em cena como o namorado da mulher do escritor, e este propôs um negócio que envolvia roubo de jóias e golpe na seguradora, achei que conhecia aquela história. Não tardou para eu reconhecer o roteiro do filme Jogo Mortal, baseado no mesmo texto da peça que eu estava assistindo. O autor do genial texto é Anthony Shaffer. A direção geral coube a Gustavo Paso, que conseguiu imprimir um ritmo diferente ao texto, mesmo porque no teatro as cenas tem que ser mais cruas, não havendo os truques disponíveis para a telona. E a direção é segura, deixando a sinergia entre Caruso e Cordeiro fluir de uma forma ascendente. O jogo é sensacional, com reviravoltas fantásticas e situações que o público fica atento, esperando o desfecho, que pode acontecer a qualquer momento. Na verdade, há três desfechos distintos e inusitados durante todo o espetáculo, que dura cerca de 80 minutos. Eu já tinha visto Marcos Caruso outras vezes no teatro e sempre gostei de sua atuação, e aqui não foi diferente. Ele empresta um ar gozador ao seu personagem, mas sempre com erudição. O que me surpreendeu foi a performance de Erom Cordeiro, que vive dois personagens totalmente diferentes e consegue fazer o público esquecer que o amante da mulher e o delegado de polícia são interpretados pelo mesmo ator. Na segunda metade da peça, é Erom Cordeiro quem domina a cena. Assistir a uma peça de suspense com toques policiais não é um fato comum para mim e, mesmo sabendo a história, fiquei totalmente absorvido pelas situações desenvolvidas no palco. Belo espetáculo, fechando bem o final de semana chuvoso em Brasília.

artes cênicas

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