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segunda-feira, 2 de abril de 2012

FLÁVIO DE CARVALHO - A REVOLUÇÃO MODERNISTA NO BRASIL


Em cartaz no CCBB de Brasília a exposição "Flávio de Carvalho - A Revolução Modernista no Brasil", com curadoria de Luzia Portinari Greggio. A mostra ocupa a Galeria 1 e a Sala Multiuso. Na primeira estão pinturas, projetos arquitetônicos, maquetes e vestuário desenhados pelo artista. A figura feminina é uma constante nas pinturas de Flávio de Carvalho, com traços fortes, alguns deles lembrando a estrutura muscular da face das mulheres. Muita cor também é uma constante em suas pinturas. Conhecia pouco deste artista, apenas obras isoladas no acervo de alguns museus brasileiros. A exposição no CCBB possibilitou-me conhecer mais sobre ele. Não sabia que ele tinha escrito textos para o teatro, atuou como cenógrafo, como radialista e transitou no meio musical. Foi um artista múltiplo, um agitador cultural e um provocador. Na mostra, há um vídeo sobre a trajetória do artista e suas proezas, tais como a sua performance em plena procissão de Corpus Christi na cidade de São Paulo no início do século passado, quando os homens andavam de chapéu e tinham que retirá-lo nestas manifestações religiosas em sinal de respeito. A procissão não poderia ser interrompida. Ele a atravessou em sentido contrário, com chapéu na cabeça, e provocou um crescente mal estar nas beatas e carolas, motivo pelo qual teve que sair estrategicamente e ser protegido pela polícia. Em outra performance, de 1956, ele saiu pelas ruas com um traje desenhado por ele como uma proposta para o vestuário masculino em país quente como o Brasil. Ele saiu de saia, meia arrastão e sandália. Foi outro choque na sociedade. Uma série de nove desenhos de sua mãe morrendo é um ponto alto da exposição. A expressão de sofrimento no rosto da mulher é impressionante. No piso inferior da galeria estão os projetos arquitetônicos com os quais concorreu em concursos no Brasil, os croquis das roupas e pinturas (maquiagens) que ele propôs para os uniformes de goleiros, jogadores de futebol, juízes e bandeirinhas. Fizeram uma reprodução destas roupas, expostas em manequins. Parecem mais fantasias de carnaval. Ainda no piso inferior uma série de quadros e pequenas esculturas de internos do Juquery, um hospital psiquiátrico, proporcionada por Flávio de Carvalho quando fundou o Clube dos Artistas Modernos (CAM), na década de trinta. Na Sala Multiuso há uma reprodução de uma cena da peça O Bailado de Deus, mais uma obra do artista que chocou a sociedade paulistana. Gostei muito. A exposição segue em cartaz até o dia 29 de abril de 2012.

artes plásticas

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